Segundo o jornal britânico The Guardian, El Ateneo Grand Splendid no centro de Buenos Aires é a segunda livraria mais linda do mundo. A mais linda de todas fica na Holanda, onde antes funcionava uma Igreja Dominicana construída há mais de 800 anos atrás.
Acordei de ressaca.
Tinha voltado as sete da manhã, mas com uma só semana em Buenos Aires, vegetar não estava nos planos.
Além da dor de cabeça, acordei as três da tarde no dia mais frio da minha vida. Ainda na cama alcancei o celular e vi que o próximo bairro da minha lista era Puerto Madero.
Lavei o rosto, peguei todas aquelas camadas de roupa que ainda não tinha acostumado a usar, caminhei até o metrô e em um minuto, talvez o minuto mais lúcido de toda a viagem, decidi que visitar o Rio da Prata com chuva e vento era uma ideia de merda.
“Próxima estación: Santa Fé”.
Desci. Desci por que Santa Fé pareceu uma escolha sensata depois de tanto Fernet com Coca.
Caminhei por aquela grande avenida naquele dia feio. Parei em um restaurante e pedi o menu do café da manhã as cinco da tarde. A moça riu da minha cara com razão.
Da janela vi um grande edifício, Grand Splendid. Da porta, marcada por duas colunas gregas, famílias saíam e grupos de asiáticos com câmeras no pescoço apontavam. Fiquei curiosa.
Paguei e atravessei a rua. Descobri que se tratava de uma livraria chamada “El Ateneo” e que sem querer tinha me metido em um dos pontos mais turísticos da cidade. El Ateneo Grand Splendid, um antigo teatro em 1919. Palco de apresentações e grandes shows. Naquele mesmo lugar Carlos Gardel cantou um tango sob afrescos do italiano Nazareno Orlandi para dançarinos entre esculturas de Troiano Troiani.
Varandas como as dos filmes antigos e cortinas vermelhas grandes demais. Tudo o que eu precisava no fim do dia frio. Até que eu conheça a Holanda, El Ateneo Grand Splendid será para mim a livraria mais linda do mundo.