Entre Setembro e Dezembro, durante três meses e alguns dias, os Fulni-ô vão para seu ritual sagrado, o Ouricuri. Neste tempo em que eles produzem os mais lindos cocares brasileiros, visitas não são bem vindas e a comunicação com eles se torna espaçada.
Sua história em Águas Belas, Pernambuco conta com diversos períodos de seca, a mais recente durou cerca de 8 anos. A falta da água do céu ajudou a transformar a caça, que costumava ser a base de sua alimentação, em uma pequena parte dela. Hoje a renda deles é composta por diferentes atividades como a participação de eventos, a pajelância e a venda de artesanato.
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Para os Fulni-ô, o significado do cocar é a conexão do guerreiro com o grande espírito. Ele é utilizado somente pelos homens. O cocar pessoal não é normalmente vendido, mas podem se transformar em um presente, para alguém querido. Quem ganha um cocar deve cuidar muito bem dele, assim como aqueles que compram um.
A confecção em si é bastante trabalhosa e cheia de significados ocultos aos não-indígenas. Depois de pronto, é possível sentir sua força e se perder, na particularidade de cada pena.
O próprio cocar indígena Fulni-ô pode ser considerado um representante de apropriação cultural. Ele era feito originalmente de palha. As penas dos pássaros utilizadas hoje vêm das trocas de material com outros povos, como os do Alto Xingu, em feiras e eventos. Significado diferente da apropriação que ocorre quando não-índígenas utilizam cocar em uma cabeça que não pensa nem na história, nem na luta indígena.
Acredite ou não, é comum que um Fulni-ô sem cocar passe por situações em que precisa provar que é índio, pelo “simples” fato da colonização brasileira, violenta e secular ter transformado seus traços originais. Sua língua, Yatheê, e seus cocares são símbolos de resistência.
Dentro da militância é possível encontrar diversas opiniões. Desde indígenas contra o uso descontextualizado dos cocares, até indígenas a favor, por considerarem que todo brasileiro tem sangue de índio. Além dos povos que são indiferentes ao debate, por não utilizarem nenhum tipo de cocar no Brasil.