

A Grande Reserva Mata Atlântica, maior área contínua preservada do bioma no país, acaba de conquistar o Prêmio Nacional do Turismo 2025, na categoria Governança e Gestão do Turismo, uma das mais estratégicas da premiação realizada pelo Ministério do Turismo.
O anúncio, feito em Brasília nesta quarta-feira (3), coloca o território no centro das discussões sobre inovação, conservação e desenvolvimento do turismo de natureza no Brasil. Mais do que um troféu, a premiação funciona como um selo de excelência para iniciativas que estão redefinindo as formas de viajar no país.
E, no caso da Grande Reserva Mata Atlântica, esse reconhecimento chega em um momento decisivo, quando viajantes buscam experiências mais responsáveis, autênticas e conectadas ao território.
A turismóloga Luiza Silva, embaixadora da iniciativa em Santa Catarina, representou o projeto na cerimônia e destacou o simbolismo da conquista.
“É muito simbólico ver esse território sendo premiado novamente por um trabalho que mantém a Mata Atlântica em pé e viva. Este resultado pertence a todos nós”, afirmou.
A fala sintetiza o espírito colaborativo que sustenta a governança da Grande Reserva: uma rede formada por mais de mil pessoas e instituições que atuam voluntariamente para fortalecer o ecoturismo, a cultura local e a conservação ambiental.

Luiza Silva, turismóloga e embaixadora da Grande Reserva Mata Atlântica em Santa Catarina, recebe o Prêmio Nacional do Turismo 2025. Foto: André Zímmerer
E essa estrutura tem nome: Rede de Portais. A governança da Grande Reserva é organizada por meio dessa plataforma colaborativa e horizontal, que conecta empresas, comunidades, organizações da sociedade civil, órgãos públicos, pesquisadores, guias, empreendedores e iniciativas de base comunitária espalhadas pelos três estados.
Funciona como uma teia viva que articula ações, compartilha conhecimento, apoia projetos locais e potencializa experiências turísticas de forma integrada.
É esse modelo, raro no Brasil, que permite que a Grande Reserva seja, ao mesmo tempo, um território amplo e diverso e uma iniciativa coesa, capaz de gerar impacto real na escala regional.

Palmitolândia venceu na categoria Turismo Sustentável e Ações de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas. Foto: Raquel Pryzant
Segundo Marcos Cruz, coordenador da Rede de Portais, o prêmio certifica a maturidade de um modelo que vem sendo construído coletivamente ao longo de oito anos.
“A Grande Reserva Mata Atlântica consolidou uma governança capaz de integrar ecoturismo responsável, diversidade cultural, patrimônio histórico e fortalecimento de economias locais. Esse reconhecimento amplia a visibilidade do território e reforça nosso papel como modelo para destinos que buscam alinhar conservação da natureza e desenvolvimento”, explica.
A premiação também sinaliza um movimento maior: o Brasil passa a ocupar um espaço mais sólido na agenda global do turismo sustentável.
Em 2023, a Grande Reserva recebeu o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade; em 2024, foi reconhecida no WTM Latin America, principal feira de turismo da região; e agora completa o trio de prêmios nacionais que consolidam o território como referência. Para Ricardo Borges, coordenador de comunicação e parcerias estratégicas, essa sequência de reconhecimentos demonstra que a iniciativa conseguiu converter visão em prática.
“Estes prêmios chancelam a qualidade da nossa governança e demonstram que a atuação em rede é capaz de gerar mudanças profundas. A Grande Reserva se tornou um exemplo replicável em outros territórios do país. A produção de natureza é nosso grande potencial econômico”, afirma.
A importância do prêmio também se estende às discussões sobre clima. De acordo com Juliane Freitas, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, a iniciativa já incorpora estratégias de adaptação climática em suas ações. “A Grande Reserva Mata Atlântica é um destino de turismo de natureza que integra a lente climática como resposta aos eventos extremos.
É fundamental que cada vez mais destinos brasileiros incluam a natureza como parte da solução”, explica. Para o viajante, isso se traduz em experiências mais seguras, planejadas e alinhadas às necessidades ambientais do presente.
A noite também foi especial para quem vive e trabalha dentro do território: a Palmitolândia, fazenda localizada em Iporanga (SP), venceu na categoria Turismo Sustentável e Ações de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas. A iniciativa, conhecida por conectar o palmito juçara à preservação florestal, reforça como projetos locais se fortalecem dentro da estrutura da Grande Reserva.

Gabriela Rodrigues, proprietária da fazenda Palmitolândia. Foto: Raquel Pryzant.
“A Palmitolândia é um projeto de vida. Mostrar que o palmito existe porque a Mata Atlântica está em pé é nossa missão. Esse prêmio é de todos nós que acreditamos na floresta viva”, celebra Gabriela Rodrigues, proprietária da fazenda.
Ao unir tantos atores em torno de um propósito comum, a Grande Reserva Mata Atlântica demonstra que turismo sustentável não é uma tendência, é uma prática possível quando existe articulação, visão de longo prazo e compromisso com o território.

Sushi de palmito, especialidade na Palmitolândia. Foto: Raquel Pryzant.
Para os viajantes, esse reconhecimento é um convite para conhecer uma região que combina natureza exuberante, história, cultura, comunidades tradicionais e experiências que valorizam o que o Brasil tem de mais precioso: sua biodiversidade.