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Koki e Pajarín Saveendra, irmãos e bailarinos argentinos

Tempo de leitura: 2 minutos
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Koki inspirou fundo lentamente e expirou de uma só vez rindo: “Nós não decidimos vir ao mundo, só estamos.”

Ele e Pajarín nasceram em uma província ao norte da Argentina chamada Santiago del Estero. Muitas expressões folclóricas, culturais e instrumentos como o bombo, são originais de lá. Cresceram em uma família de bailarinos, onde sempre foi permitido expressar seus sentimentos e hoje, moram em Buenos Aires. Vivem a maior parte de seus dias ensinando danças e se apresentando pelo mundo. Nada disso estava escrito.

Koki lembra de uma mania comum entre as professoras do primário de perguntar o que fazem os pais de seus alunos. O exato momento em que a palavra bailarino saia de suas gargantas era marcado pela risada das outras crianças. Tal som era esperado para se juntar a outros tantos que fizeram parte da criação de seus movimentos.

A dança nasceu com eles, junto com suas colunas, mas a música foi um presente.

Em uma tarde ensolarada de um 6 de janeiro em Santiago, enquanto as outras crianças ganhavam doces dos reis magos, Koki e Pajarín ganharam uma guitarra e um bombo embaixo da sombra de uma alfarrobeira.

Outra lembrança da incorporação da música se passa em uma festa de carnaval colorida da região. Entre jogos, brincadeiras e autofalantes gigantes, o pequeno Koki e o pequeno Pajarín experienciaram o significado de pura felicidade.

Na casa de sua abuela as portas ficavam abertas e se dormia sem medo. Nunca acontecia nada, só teve uma noite, uma só vez, que um bêbado entrou na sala. Mas ninguém se assustou pois se tratava do bêbado conhecido da cidade. Pajarín lembra da cena, seu tio o chamou pelo nome e pediu que saísse com naturalidade.

A mudança geográfica marcou também a vida adulta. A sensação é de que em Santiago tudo estava solucionado enquanto em Buenos Aires tudo precisava ser resolvido. Assim começam a trabalhar juntos. Como coreógrafos, cantores e músicos. A convivência dos irmãos não é o paraíso nem o inferno mas como os momentos de harmonia prevalecem, a sociedade é possível.

Para Pajarín talvez seja essa ligação de sangue, “simbiótica” que alimenta o ritmo da criação artística de ambos.

Suas apresentações são resultado de uma liberdade acompanhada. Essa liberdade, que nasce com o ser humano, só pode ser sentida quando os limites naturalmente impostos são rompidos. Assim que o equilíbrio se encontra no ritmo entre a ordem e a desordem.

A ordem toma forma de cuidado, quando um músico que carrega seu bombo preserva seu tom e um bailarino carrega seu corpo como único instrumento. Este cuidado elementar do bailarino deve se dar em todos os sentidos, uma vez que a expressão verdadeira é tirada de nossa vida interna.

Raquel Cintra Pryzant
Raquel Cintra Pryzant
Raquel Cintra Pryzant é editora do portal de viagem e gastronomia Sola no mundo desde 2017. Com mestrado na Espanha e experiência internacional, já colaborou com veículos como National Geographic, BBC, CNN, Skyscanner e mais