

Há algo quase confidencial em descobrir um lugar como o The Wall Street Hotel. Não apenas porque ele carrega a distinção da chave MICHELIN — selo dado a hotéis que oferecem “uma estadia muito especial” — mas porque ele realmente é um segredo bem guardado em um dos pontos mais históricos (e menos explorados por turistas) de Manhattan: o Distrito Financeiro.

A maior parte dos hotéis ainda se concentra em regiões como a da Times Square — cada vez mais barulhenta e caótica. Já o extremo sul da ilha, entre a Bolsa de Valores e prédios centenários, guarda um outro ritmo. É nesse cenário, entre o barulho dos traders e CEOs pendurados em seus telefones e a tranquilidade elegante de seu lobby, que o Wall Street Hotel se revela.

Ao entrar, o Lounge on Pearl, de pé-direito alto e tons dourados, dá o primeiro indício de que aqui o luxo é silencioso e a hospitalidade, precisa. Os 180 quartos e suítes são decorados com uma paleta refinada de azul, com móveis que parecem ter saído de um apartamento editorial no Upper East Side. As camas são daquelas que abraçam — com travesseiros imensos e uma iluminação que convida ao descanso. Difícil não se imaginar de roupão, pés nos chinelos, café na mão e um Lindt deixado com carinho ao lado da cama na última arrumação.

No café da manhã, servido no charmoso La Marchande, há algo mágico em observar a cidade ganhar vida do lado de fora, enquanto você saboreia ovos cremosos, croissants folhados ou um parfait com frutas frescas — o jeito ideal de começar o dia em Nova York.

À noite, o clima muda de forma sutil. O Bar Tontine, no rooftop, revela seu charme: coquetéis bem executados, carta com toque latino e vistas impressionantes da cidade iluminada. É um lugar onde se ouvem risos baixos, se veem taças tilintando e onde cada detalhe, da mobília à trilha sonora, reforça o senso de sofisticação despretensiosa.

O hotel também é pet friendly, e é comum cruzar com hóspedes de quatro patas pelos corredores, muitos deles tão elegantes quanto seus donos. Um toque de leveza que combina perfeitamente com a proposta do hotel: exclusivo, mas acessível; sofisticado, mas acolhedor.

O The Wall Street Hotel não tenta competir com os holofotes da cidade — ele oferece um refúgio longe dos flashes. Um segredo, sim. Mas daqueles que, depois de descobertos, a gente quase não quer contar pra ninguém.