Você já ouviu falar no Jalapão, Tocantins? Conheci esse lugar no coração do Brasil muito antes da fama, em 2016. De lá pra cá teve a gravação da novela “O Outro Lado do Paraíso” que deixou as paisagens e atrações naturais “hypadas” e mais gente se perguntando “onde fica o Jalapão?”. Voltei agora, em 2024 e posso dizer: ainda é um cantinho muito original e aberto para quem busca viagens com contato com a cultura local.
Este guia, que vai de dunas douradas até fervedouros de águas cristalinas, foi feito para você, que quer saber onde fica o Jalapão, como chegar e o que fazer por lá. Já adianto que a parte que eu mais gostei foi poder voltar para o Quilombo da Mumbuca, a convite da Cerrado Dourado, que entrega um roteiro “completão” de 6 dias repleto de aventura, cultura e natureza.
O Jalapão está localizado no estado do Tocantins, no norte do Brasil, a cerca de 300 km de Palmas, capital do estado. Esta região é conhecida por sua natureza intocada e por ser um dos destinos mais exóticos e desejados do ecoturismo no Brasil.
Para chegar ao Jalapão, o ponto de partida ideal é Palmas. Nós ficamos uma noite no Ibis Jk, que nos recebeu super bem, e na cidade, comemos nos restaurantes Varanda Victoria com um ótimo bolinho de costela e no Cabana do Lago, onde eu pedi um salmão com maracujá.
Chegando em Palmas é possível alugar um carro 4×4 para explorar a região por conta própria, mas o mais recomendado é contratar uma agência especializada como a Cerrado Dourado Expedições. Eles oferecem transporte, alimentação, hospedagem e guias experientes. Nós fomos com o Bruno, um amor de pessoa.
Como grande parte das estradas do Jalapão são de terra, o apoio de profissionais é essencial para garantir segurança e conforto durante a viagem. Não é raro ver carros quebrados no caminho, mas como vamos em comboio, um motorista ajuda o outro e se comunica durante todo o trajeto.
Se você está planejando sua viagem aqui está um roteiro detalhado para descobrir os principais atrativos do Jalapão, Tocantins, em seis dias inesquecíveis.
Saímos cedo do hotel em Palmas para explorar a região das Serras Gerais, que ainda não está dentro do Jalapão. A primeira parada foi na Pedra Furada, um atrativo que recebe os viajantes com seu portal de pedra em diferentes tons de rosa e branco. O caminho é tranquilo, são aproximadamente 100 metros desde o estacionamento e as fotos ficam lindas também no por do sol.
Seguimos para a Lagoa do Japonês, que pode ser visitada nadando ou com caiaques transparentes. As águas tem tons de azul profundo e a caverna que se forma deixa a paisagem ainda mais completa.
A distância total percorrida no primeiro dia é de 280 km de asfalto + 100 km de estrada de terra até a Pousada Águas do Jalapão, um dos pontos altos da viagem. A estrutura por lá é completa e o bar oferece drinks à beira da piscina, massagens, fogueira e um relaxante ofurô.
Este dia é intenso, mas uma delícia de ser vivido. O dia começa com o café da manhã da Águas do Jalapão e logo na sequência, no Cânion Sussuapara, que leva esse nome pela espécie de veado que habita a região do cerrado. Esta formação milenar é rodeada por vegetação e cascadas, com um caminho leve, de apenas 200 metros. De lá seguimos para o almoço fresquinho na Comunidade Quilombola do Rio Novo e um mergulho nas águas da Prainha do Rio Novo – este é um local exclusivo para clientes da Cerrado Dourado, com águas doces e tranquilidade absoluta.
O sol vai caindo e depois de um cafézinho da tarde servido pela agência fomos até as laranjas Dunas do Jalapão. Essa paisagem icônica é um dos cenários que permeiam meus pensamentos sempre que lembro deste destino. Tais bancos de areia que mudam conforme o vento são formados pela erosão da Serra do Espírito Santo, que também oferece trilhas.
A distância total percorrida neste dia é de 210 km de estrada de terra. Outro ponto importante de lembrar sobre qualquer roteiro pelo Jalapão é o tempo de deslocamento – passamos muito tempo dentro do carro pois os atrativos são distantes e o parque é muito extenso. Assim, é importante estar preparado para enfrentar estes trechos e preparar uma boa e variada playlist.
No dia 3, finalmente fomos conhecer os impressionantes fervedouros do Jalapão. Este fenômeno da ressurgência faz com que seja impossível afundar nas pequenas lagoas que se formam entre buritis. O fervedouro do Ceiça é conhecido pela alta pressão de suas águas e por ser rodeado de bananeiras, o fervedouro Buriti é um dos favoritos por seu formato de coração e o fervedouro das Macaúbas com seu tom mais esverdeado, encanta quem ama fotografia.
A distância total percorrida é de 30 km de estrada de terra, contando a parada na Cachoeira do Formiga, que é uma das mais belas cachoeiras do Brasil, com águas turquesas e um poço delicioso para banho. A poucos minutos do Formiga chegamos na nossa hospedagem preferida: A Formiga Ecolodge. Com uma pegada mais orgânica e natural, o ecolodge conta com os poços encantados do Formiga, que são piscinas com as mesmas águas que banham a cachoeira – além de chalés com paredes de vidro para a mata nativa e um espaço para fogueira.
Eu fui uma das pessoas que topou a aventura de acordar antes das quatro horas da manhã para subir o Morro do Jacurutú em um mini-trekking opcional para ver o amanhecer. Foi um momento único que recomendo para todos os meus leitores já que, se o céu estiver limpo, este passeio acaba sendo também um destino de astroturismo (vimos de planetas até rastros da Via Láctea).
Depois de um café da manhã cheio de frutos do Cerrado do Jalapão Ecolodge, fomos para o Fervedouro da Lagoa Encantada, que tem a vantagem de não ter fila nenhuma por ser um atrativo exclusivo da agência.
De lá partimos para a Comunidade Quilombola da Mumbuca, onde uma das maiores tradições é o Capim Dourado. Colhido bem no mês de setembro (quando estivemos por lá), este capim se transforma em bolsas, chapéus, mandalas e em um final da semana de festas que agita toda a região. Os moradores da comunidade seguiam com o espírito de nos receber, mesmo após tantas visitas, sempre com um café recém passado e muitas histórias para contar.
A distância total percorrida é de apenas 30 km de estrada de terra e a hospedagem da noite foi na Pousada Bela Vista, que oferece um banho noturno no Fervedouro Bela Vista.
Eu adoro rafting e esse dia foi um dos com mais adrenalina. A descida pelas corredeiras do Rio Novo é emocionante e fomos observando diversas espécies de pássaros pelo caminho.
A distância desse dia é maior, com 120 km de asfalto + 210 km de estrada de terra e de lá paramos também na Serra da Catedral, uma paisagem de postal para fotos em frente a esta formação rochosa imponente.
Jantamos e dormimos na Pousada Casa das Flores, em Taquaruçu. O restaurante da pousada é um dos melhores de toda a experiência e as opções de pratos à la carte sempre bem montados acompanha uma extensa carta de vinhos. A Pousada é também super bem decorada, romântica e com um belo jardim.
A viagem foi chegando ao fim, mas não antes de uma despedida pela maior tirolesa da região norte do Brasil, com 1.300 metros de extensão e uma vista para as montanhas. De lá fomos para as Cachoeiras da Roncadeira e Escorrega Macaco, com trilhas de média intensidade e um banho delicioso de cachoeira ao final.
A distância total percorrida no último dia é de 50 km de asfalto + 25 km de estrada de terra, com chegada em Palmas. Já na cidade, recomendo um passeio pela orla com seus restaurantes, bares e bolsão de areia nas margens do rio.
Com este roteiro de 6 dias, você já sabe onde fica o Jalapão, o que fazer no Jalapão e como aproveitar ao máximo este paraíso natural no Tocantins. Agora é só planejar sua viagem e me contar como foi sua experiência lá no meu perfil, o @solanomundo no instagram.