O verão na Europa transforma os dias em festa e atrai viajantes do mundo todo, inclusive nós, brasileiros. As grandes capitais ficam repletas de turistas, o que pode tornar a experiência um pouco tumultuada. Mas, para quem busca algo diferente, há alternativas encantadoras em destinos menos explorados com essa atmosfera de tardes que não tem fim.
Nesta época, os tradicionais centros históricos medievais e montanhas de esqui dão lugar a praias ensolaradas com amigos, festivais ao ar livre e cidades cheias de vida. É também o período em que os europeus aproveitam para explorar novas regiões dentro do continente, em busca de paraísos naturais e recantos tranquilos.
Os dias são longos, perfeitos para curtir o sol e experimentar restaurantes com terraços, tomar um vinho branco – ou uma sangria – e fugir do inverno brasileiro.
Dubrovnik, cidade no sul da Croácia, na costa do Adriático, mantém suas muralhas bem preservadas, tours históricos e vistas para o mar. A Fortaleza de Lovrijenac – que também era um teatro – e as Escadas Jesuítas, de arquitetura barroca, são alguns dos pontos turísticos que fizeram parte do cenário da série “Game of Thrones”, mas valem muito por sua importância cultural e arquitetônica.
No verão, as praias de Dubrovnik como Sveti Jakov, Lapad e Baje são parte de um roteiro fora do comum, por suas águas em tons de azul profundo e passeios de barco pela costa. Minha dica é aproveitar a visita para conhecer o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, que parece um conto de fadas. As cachoeiras que compõe o parque são cristalinas e imersas em densas florestas com pássaros e pinheiros.
Malta foi um dos meus destinos preferidos na Europa. Além das ilhas de Gozo e Comino, que podem ser visitadas, o destino apresenta um dos mais diversos patrimônios culturais da Europa, com herança árabe, romana, inglesa, francesa e espanhola.
Na gastronomia, o mel nativo, o Ftira – pão feito da mesma forma por gerações – , os pastizzis recheados e o coelho formam parte dos sabores que você poderá provar por lá.
Com dias ensolarados durante todo o ano, ter conhecido Malta no verão definitivamente melhorou a experiência. Aproveitamos as apresentações musicais no centro de Valletta, e aprendemos sobre a história local em sua Mdina.
A St.Peter’s Pool é um point imperdível onde os mais corajosos aproveitam para saltar das pedras no mar mediterrâneo. Malta é também lar de escolas e oportunidades de intercâmbio de inglês e conhecida por receber muito bem seus visitantes.
Portugal é um destino muito querido pelos brasileiros, mas Porto é ainda mais especial para quem, como eu, é apaixonado por vinhos. Seu roteiro por lá merece uma degustação dos famosos vinhos do Porto, onde especialistas compartilham informações sobre o processo de produção da bebida. Vila Nova de Gaia, do outro lado da Ponte de D. Luís, é um dos destinos ideais para uma aventura alcoólica.
A ponte que conecta Porto a Gaia cruza o Rio D’ouro, cujas águas estão presentes nos principais cartões postais da cidade. É justamente neste rio que os vinhos eram transportados e, assim, fui aprendendo mais sobre a tradição dos Barcos Rabelo portugueses.
O artesanato de cortiça e a arte dos azulejos formam parte da identidade visual e artística do Porto, que podem ser apreciadas nas pinturas e acabamentos de igrejas e estações do metrô. A Estação de São Bento é minha dica, como parada obrigatória para conhecer seus belíssimos painéis azuis e brancos.
Pelo centro histórico, que é Patrimônio Mundial pela UNESCO, me perdi pelas ruas sinuosas, casas coloridas e pela catedral gótica Sé do Porto. Outra parada no roteiro é a Livraria Lello, considerada uma das mais bonitas do mundo por seus vitrais.
O verão em Paris neste ano foi marcado pelos Jogos Olímpicos, uma festa que reuniu o mundo na capital da moda, da gastronomia e do amor. Com o sol, é claro que uma longa caminhada com vistas para o Sena e para a Torre Eiffel não pode faltar. Mas os dias mais longos são também um presente para quem, como eu, deseja conhecer as cidades próximas cheias de encanto.
O Castelo de Chantilly, que fica a menos de uma hora de Paris, é uma joia arquitetônica que se divide entre museu de grandes obras e biblioteca de grandes autores. O verdadeiro creme branco que hoje conhecemos pelo nome da cidade nasceu lá e diversos restaurantes oferecem sobremesas com Chantilly.
Outra viagem imperdível é para os Jardins de Étretat, principalmente para quem é apaixonado por arte e paisagismo. Seus jardins, a 200km de Paris, são esculpidos em formatos de espirais, redemoinhos e labirintos que valem a visita.
Para fechar este roteiro repleto de paradas para um Crêpe Suzette, um Pain Au Chocolat e, claro, um Croissant na Cidade Luz, também recomendo o bate-volta para Giverny, que inspirou Claude Monet e o icônico Palácio de Versalhes.
Amsterdam é uma capital charmosa e perfeita para conhecer durante o verão. Seus bairros com feiras de rua e coffee shops são cheios de personalidade, perfeitos para uma caminhada sem destino certo. Um dos roteiros que mais indico nesta época é aproveitar as comidinhas prontas do mercado Albert Heijn e fazer um piquenique pelas praças da cidade, como a Museumplein, que conecta o Museu Van Gogh com o Rijksmuseum, que guarda obras de Vermeer e Rembrandt.
Suas pontes e canais floridos são decoradas pelas tradicionais casas de Amsterdam, com telhados triangulares e janelas estreitas. Durante o verão na cidade, aproveite para passear de barco e, principalmente, pedalar pela cidade. Os holandeses utilizam a bicicleta para tudo e as principais ciclovias os levem a todos os lugares. Não deixe de provar os Stroopwafel, um biscoito tradicional recheado com caramelo e visitar a loja do Tony’s Chocolonely, um chocolate com propósito em Amsterdam.
Sou suspeita para falar de Barcelona, morei na cidade por um ano e sou simplesmente apaixonada por suas ruas, suas festas culturais, sua história e, claro, por sua arquitetura. Não é difícil se encantar pelas obras de arquitetos modernistas, como o célebre Antoni Gaudí, desde os coloridos bancos do Parque Güell até as altas torres da Sagrada Família, que estão quase prontas.
Por lá, a lei é aproveitar as tardes infinitas do verão com os aperitivos chamados de “tapas” que vão desde as batatas bravas, com molho picante, até lulas fritas e as croquetas – sempre com uma taça de “tinto de verano” ou de sangria.
O bairro de Gràcia costumava ser um vilarejo autônomo na cidade, o que tornou a região ainda mais tradicional e com fortes raízes catalãs. Em Eixample, bairro onde os quarteirões são geometricamente calculados, estão algumas das principais avenidas que conectam a cidade com seus parques e praias.
Finalmente, depois de curtir o agito da Praia de Barceloneta, vale explorar cidades próximas e menos turísticas como Girona, conhecida pelo restaurante El Celler de Can Roca, que atualmente conta com três estrelas Michelin e uma estrela verde, e Sietges, uma pequena cidade povoada por casinhas brancas e praias cristalinas.
Londres é conhecida por ser uma cidade nublada e com uma leve chuva durante todo o dia. Mas você vai se surpreender no verão, com dias de sol e com os locais curtindo o verde do Hyde Park e brincando com os esquilos que moram entre o Regent’s e o St. James’s Park.
Para uma tarde de compras e cultura, recomendo uma visita ao Camden Market, um mercado que reúne lojas de discos, brechós e lembrancinhas estilizadas. Foi lá que Amy Winehouse morou e uma estátua da cantora recebe os visitantes até hoje.
Para conhecer parte da cultura londrina pela gastronomia, vale provar o clássico ‘fish and chips’, uma refeição rápida preparada com peixe e batatas fritas disponíveis nos restaurantes de Notting Hill (do filme) e Portobello, com seu animado mercado.
Aproveitei para conhecer o Abbey Road Studios, onde os Beatles gravaram o álbum Let It Be, entre outras canções. Com a cidade mais cheia, vale visitar as célebres universidades em Oxford e Cambridge, passear em um dos famosos ônibus vermelhos de dois andares e fotografar o icônico relógio Big Ben e a roda-gigante London Eye.
A capital italiana se transforma no verão. Na mesma medida que a alta demanda de visitantes deixa as ruas lotadas, o clima da cidade nesta época é incomparável. Cada passo na cidade é a certeza de estar caminhando por patrimônios históricos da humanidade, ao mesmo tempo que tudo de mais moderno na moda e nas tendências também passa por lá.
A naturalidade em que estes dois mundos se encontram me fascina, mesmo tendo visitado Roma duas vezes. Seus pinheiros frondosos emolduram o Coliseu, o Fórum Romano e o Panteão. Mas depois de deixar seu desejo na Fontana di Trevi, vamos subir em uma vespa colorida para conhecer um dos meus cantinhos preferidos da cidade.
Minha dica é passar um dia sem pressa passeando pelo charmoso bairro de Trastevere. Nesta região, os restaurantes típicos são frequentados pelos locais e você poderá provar um autêntico gelato enquanto caminha pelas margens do rio Tibre. Para descobrir se o gelato é realmente autêntico, vale fugir das massas com cores muito vibrantes e das montanhas de sorvete das vitrines – vale buscar pelas gelaterias que armazenam os sorvetes com uma tampa que protege seus deliciosos sabores.
Seja pelo idioma compartilhado ou pela herança cultural de Portugal no Brasil, Lisboa é um dos destinos mais buscados pelos brasileiros. E com tantas viagens para lá, é preciso sair do óbvio em seu roteiro pela cidade. Eu não sabia, mas os parques de Lisboa são maravilhosos. Desde o Parque Florestal de Monsanto, um dos maiores parques florestais urbanos de toda Europa, até os clássicos jardins geométricos do Parque Eduardo VII de Inglaterra.
A gastronomia é a estrela do roteiro, além dos famosos vinhos e azeites portugueses, uma rápida viagem nos leva até Belém e os salões da confeitaria Pastel de Belém, para degustar o verdadeiro pastel de nata. Logo ali ao lado, visitei o imponente Mosteiro dos Jerónimos, um Patrimônio Mundial da UNESCO e uma das sete maravilhas de Portugal.
Outra parada deliciosa foi para provar o bolinho de bacalhau recheado com queijo da Serra da Estrela, uma iguaria que encontrei nas charmosas lojas da Rua Augusta. Para fechar o dia, escolhi um dos aconchegantes restaurantes do bairro Alfama, o berço do Fado, onde pude sentir toda a emoção desse estilo musical, entre o castelo de São Jorge e a majestosa Catedral da Sé.
A capital da Espanha me marcou por sua cultura viva, representada pela variedade de museus. Desde o Museu Reina Sofia, guardião do “Guernica” de Picasso até o emblemático Museu do Prado, que vale uma tarde inteira para explorar seus diferentes andares e obras de Francisco de Goya, Velázquez e El Greco.
Os bares e restaurantes das praças madrileñas são cheios de vida e opções para todos os gostos. Entre a Plaza Mayor e a Puerta del Sol, com a famosa estátua do Urso e o Medronheiro, prove os coquetéis de vermut, as tortillas e um café com churros. Além do restaurante mais antigo do mundo, o Sobrino de Botín, conhecido por seus pratos típicos da cozinha castelhana.
Para fechar o roteiro e curtir o melhor por do sol da cidade, não há melhor destino que o Templo de Debod, uma joia arquitetônica, que transporta os visitantes para o antigo Egito.